Terça-feira de avanços e decepções do agro gaúcho em Brasília

Terça-feira de avanços e decepções do agro gaúcho em Brasília

Representantes do agro gaúcho tiveram duas reuniões em Brasília, nesta terça-feira (15). Uma no Ministério da Fazenda, que tratou do endividamento dos produtores, e outra no Banco Central, cuja pauta são as mudanças pretendidas para  facilitar o acesso dos agricultores familiares ao Programa de Garantia da Atividade Agropecuária (Proagro). Os resultados foram distintos.

O primeiro encontro na Fazenda, agendado pelo senador Luis Carlos Heinze (PP), já começou frustrado, com o ministro da pasta, Fernando Haddad não recebendo o grupo gaúcho, sendo representado pelo seu secretário de política econômica, Guilherme Mello. É a segunda vez que Haddad cancela presença em reuniões para tratar do endividamento dos produtores do Rio Grande do Sul.   

Aos presidentes da Farsul, Gedeão Pereira, da Fetag, Carlos Joel da Silva, da Fecoagro, Paulo Pires e de representantes da Ocergs e da Cotrijal, além do também senador do RS, Hamilton Mourão, o representante do governo se encarregou de derrubar a esperança daqueles que esperavam por um recepção mais acolhedora à demanda.

Mello inclusive chegou a desestimular os projetos de Lei do Senado e da Câmara, apresentados por Luis Carlos Heinze Pedro Westphalen, ambos do PP, por terem o potencial de gerar um estímulo à inadimplência, inclusive daqueles que têm condições de quitar o seus débitos.

Ao justificar a impossibilidade de o governo intervir com recursos, Mello sugeriu que o endividamento se resolva nos protocolos do manual de crédito, com cada financiamento sendo analisado com suas peculiaridades.

Mello, porém, se comprometeu em agendar encontros nas próximas semanas com os representantes dos bancos e das cooperativas de crédito para ver o que “será possível fazer”, mas também adiantou ser impossível uma prorrogação longa dos parcelamentos, como a de 120 dias, como solicitaram as entidades.

“Aqueles que puderem saudar os seus compromissos que o façam”,

disse o presidente da Farsul em vídeo gravado após a reunião da manhã, antevendo que se houver uma solução ela será demorada. O dirigente, no entanto, fez questão de manter viva a esperança de haver uma resolução que beneficie coletivamente os produtores gaúchos prejudicados pelas seguidas estiagens e enchente dos últimos 6 anos.

“Nunca foi fácil e não é diferente dessa vez”,

pontuou, ao informar também que as esquipes técnicas das entidades também terão encontro com os técnicos da Fazenda.

Pauta do Proagro tem avanços  

Já na reunião da tarde, entre representantes da Fetag e do Banco Central, com a participação do deputado federal Heitor Schuch (PSB), que preside a Frente Parlamentar da Agricultura Familiar da Câmara dos Deputados, e de representantes do Tribunal de Contas da União (TCU) e do Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA) houve uma clara sinalização de mudanças nas exigências do Proagro.

Uma delas se refere a separação das matrículas do Cadastro Ambiental Rural (CAR), pedida pelos produtores para desburocratizar o acesso ao programaa, assim como a individualização do seguro por cultura, que garante uma cobertura mais justa aos produtores familiares.

“Se pela manhã, na reunião na Fazenda, a coisa não fluiu como queríamos e ficamos com a sensação de que a luz no fim do túnel ainda está distante, à tarde me pareceu que foi bem mais promissor e acho que em breve teremos respostas positivas definitivas”,

comparou o presidente da Fetag, Carlos Joel da Silva.