Greve e incertezas sobre cenário futuro abalam a confiança no agro

Greve e incertezas sobre cenário futuro abalam a confiança no agro

A confiança daqueles que operam o agronegócio no Brasil com o próprio setor registrou queda no último trimestre. É o que indica a última rodada de pesquisa encomendada pela Organização das Cooperativas do Brasil (OCB) e Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp). Realizado pela Agroconsult, o ICAgro, como é abreviado o índice de confiança ouviu 645 pessoas. Além de produtores, a pesquisa consultou profissionais que atuam diretamente com a atividade, como fornecedores de insumos, agentes bancário e representantes das indústrias.

O índice médio geral de confiança nos meses de abril, maio e junho ficou em – 98,5 pontos, queda de 8,6% em relação ao levantamento feito de janeiro a março deste ano. A escala aplicada pela Agroconsult considera 100 como o número de neutralidade. Acima disso a confiança se eleva. A amostra tem por princípio relativizar o peso de cada segmento dentro do Valor Bruto de Produção. Por exemplo, a soja tem mais peso na pesquisa do que o arroz ou do que o algodão.

Os números foram apresentados pelo sócio-diretor da Agroconsult, André Pessôa, na quinta-feira (19), em Porto Alegre, durante encontro promovido pela Federação das Cooperativas do RS (Fecoagro). No relatório apresentado por Pessôa, fica clara a relação do pessimismo com as incertezas do futuro cenário político-econômico nacional e internacional. No ranking das preocupações, o conjuntural tem um peso de 30% contra 70% no estrutural.

“O nacional por causa das eleições, do câmbio, dos valores do fretes; o internacional em função da briga comercial entre americanos e chineses. Tudo isso gera expectativas, muitas vezes negativas nos cidadãos”, comentou Pessôa.

Entre os produtores rurais (grupo A), que correspondem a 42% dos entrevistados, os pecuaristas são aqueles que mais tiveram a confiança abalada, fechando com um índice de 85,3%. Já os ligados com a agricultura a taxa de confiança é de 102,3%. A disparidade se justifica nos preços baixos do boi nos últimos meses e ainda no desdobramento das operações dos órgãos públicos de repressão nos frigoríficos, que alterou o ambiente de oferta e demanda na pecuária brasileira.

Greve dos caminhoneiros influenciou

Já entre os outros grupo B e C, a indústria foi a que apresentou o maior índice de pessimismo. Pesou muito na avaliação dos operadores deste segmento a greve de maio, que atingiu em cheio o setor. Entretanto, a paralisação das estradas teve forte influência nas respostas dos entrevistados, tendo grande peso no resultado final da pesquisa.  “Foi um episódio no qual todos saíram perdendo”, disse em entrevista a este Blog o consultor André Pessôa (veja matéria abaixo).