A indiferença pelas coisas que vêm do STF

A pauta do Brasil dessa semana é o julgamento do ex-presidente da República Jair Bolsonaro, dos ex-ministros e ex- assessores pelo planejamento de um golpe para impedir a posse do sucessor Lula.
Se percebe o empenho dos grandes veículos de comunicação para tornar isso relevante, e é, afinal é um ex-presidente da República no banco dos réus. Mas é baixíssimo o interesse do cidadão comum pelo assunto.
A indiferença tem muitas razões. Uma delas é que antes de o jogo começar já se sabe quem vence e quem perde. A expectativa é sobre o placar. Quantos anos de pena serão aplicados. Mas é jogo jogado.
Mas é a falta de confiança num judiciário, que há pouco condenou uma facção de políticos, empresários e operadores que sangraram os cofres públicos em trilhões e logo depois anulou tudo, que mais pesa. Como entender que a operação Lava-Jato, que reuniu provas irrefutáveis e delações contundentes contra os corruptos foi invalidada por um apontamento técnica que viu exageros na forma de agir do promotor e do juiz? E os crimes confessados e os trilhões roubados?
Assumidos criminosos como o doleiro Alberto Youssef; o tesoureuro partidário João Vaccari Netto, o empresário Marcelo Odebrecht tiveram seus processos anulados pelos mesmos ministros que nesta semana julgam a turma de Bolsonaro. O que garante que amanhã ou depois tudo não vai mudar nessas condenações que serão anunciadas na sexta-feira?
Na sua lógica prática o cidadão pondera:
“Julgamento do golpe no STF? Ora, eu tenho mais o que fazer"
Ao sistematicamente agir de acordo com o cenário, quantidade de luzes e holofotes, o STF, excessivamente contaminado pela política partidária-ideológica abriu um fosso de ceticismo entre si e a plateia que deveria apenas aplaudi-la.