O uso e os casos de deriva do 2,4-D voltam a ganhar as pautas do agronegócio gaúcho. No início deste mês, a Justiça do Estado, através da Vara Regional do Meio Ambiente, proibiu o uso do herbicida na região da Campanha e em áreas próximas a vinhedos e pomares de maçã no restante do Rio Grande.

De um lado os produtores de soja, que usam em larga escala o produto na pré-semeadura para eliminar as daninhas. De outro, os cultivadores de frutas prejudicados pelos respingos do uso do herbicida nas propriedades vizinhas.

A decisão é um baita problema para quem cultiva soja, já que a proibição acontece faltando poucos dias para o início do plantio. Produtor, que é bom lembrar, vem de safras comprometidas por causa das sucessivas estiagens dos últimos anos.  Num ciclo em que todos os custos são levantados e bem revisados, recorrer a outra alternativa que não o 2,4-D não está nos planos, pois é caro demais.

Já os fruticultores, faz anos que reclamam da deriva nos parreirais e demais pomares. Os resíduos cancelam o desenvolvimento dessas plantas de folhas largas, gerando prejuízos às vezes irreversíveis nas produções.   

Muitas ações foram promovidas nesses últimos cinco anos para diminuir o atrito. O Estado, o Senar, outras entidades e empresas investiram sobretudo no treinamento dos aplicadores. Mas pelo que se vê as ações se mostraram insuficientes.

Na sentença o Estado tem 120 dias para implementar um sistema seguro de monitoramento e fiscalização do uso do 2,4-D. Se não cumprir ganha multa.

O governo Leite tem um pepino na mão. Se de um lado não pode ser omisso com os produtores que garantem uma fatia substancial da receita do Estado com a soja, por outro não pode dar as costas para os fruticultores prejudicados.

O tempo exige decisões imediatas, mas em ato contínuo é preciso achar uma solução perene, que elimine a contenda e ofereça segurança para os dois lados continuarem a produzir sem medos ou culpas.

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A coluna diária de Alex Soares é reproduzida também em áudio para os programas Primeira Hora e Redação Acústica (Rádio Acústica FM), Bom Dia Cidade e Boa Tarde Cidade (Rádio Tchê São Gabriel) e Jornal da Manhã (Tchê Alegrete). Ouça abaixo