Sem comprar um grão americano de soja, chineses espicham a aposta

Sem comprar um grão americano de soja, chineses espicham a aposta

Os produtores americanos não venderam um grão de soja para a China em setembro. O balanço das importações chinesas, cuja fonte é a autoridade alfandegária do país, revela que a China comprou neste mesmo mês 10,9 milhões de toneladas do Brasil, 30% a mais do que importou em setembro de 2024, e 1,17 milhões de t. da Argentina, o dobro do nono mês do ano passado.    

Isso significa que 85% do total das importações de soja pela China em setembro sairam do Brasil. E esse movimento crescente é uma realidade dos últimos três meses.

Esse ineditismo, no entanto, não é ruim apenas para os produtores americanos, que estão com os seus armazéns abarrotados de grãos e pressionando o governo Trump por uma solução com os chineses. Perdem também os asiáticos pela rigidez. A pergunta é: e quando a América do Sul estiver na sua entressafra? A China terá estoques o suficiente para aguentar o tranco? Ou blefa, numa pressão calculada para os americanos afrouxarem no tarifaço?

"O fato é que ninguém sabe ao certo qual o volume de estoques de soja da China, já que os dados são muito fechados, mas o país de Xi-Jinping comprou muita soja nos últimos anos, sobretudo na época da pandemia"  

Enquanto um acordo não acontece, a soja se valoriza, com sua cotação chegando ao ponto mais alto dos últimos 30 dias, nesta segunda-feira, na Bolsa de Chicago. Nesta segunda-feira, a soja foi comercializada a R$ 141,00 nos portos de Santos e de Rio Grande.  

São cotações que vêm melhorando no Brasil, mas em ritmo desproporcional a essa mudança comercial vultuosa envolvendo um dos dois principais fornecedores da commodity do mundo.

Uma coisa é certa. Os chineses têm bala na agulha, são frios e sabem negociar bem.

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A coluna diária de Alex Soares é reproduzida também em áudio para os programas Primeira Hora e Redação Acústica (Rádio Acústica FM), Bom Dia Cidade e Boa Tarde Cidade (Rádio Tchê São Gabriel) e Jornal da Manhã (Tchê Alegrete). Ouça abaixo