De Belém do Pará

Após uma primeira semana sem muitos avanços no que se refere a metas e acordos, a segunda e derradeira semana da COP 30 começa, aqui em Belém, com a expectativa de que os objetivos sejam mais claros e que o evento termine no próximo sábado com um bem elaborado plano de ações e metas a ser seguido pelos países para reverter a atual realidade climática.

Como não poderia de ser, a COP do Brasil é carregada na sua pauta com o tema dos povos tradicionais. Índios e até imitações deles são vistos por toda a parte em Belém, mais do que o normal, inclusive em protestos e tentativas de invasões dos espaços fechados do evento. Manobrados por gente que nunca pisou numa aldeia, tremulam bandeiras que definitivamente não lhes dizem respeito.  

Ao invés de bradarem por uma maior taxação das grandes fortunas, essas representações indígenas deveriam pedir mais estrutura, saúde e educação nas suas áreas, para assim se manterem nelas. E dados do último IBGE mostram que não basta apenas serem donos das suas terras, é preciso mais.

Pelo levantamento do IBGE 53,52%, dos  indígenas da Amazônia Legal, vive fora da sua terra e entre os quilombolas esse percentual salta para 81,01%. As terras indígenas ocupam 13% do território brasileiro, onde vive um total de  1,7 milhão de índios. Na Amazonia, um quinto dos 5 milhões de hectares são de terras indígenas, segundo a Funai.

Mas por que os índios não se fixam nas suas áreas? Os indicadores respondem:

A taxa de analfabetismo nas áreas indígenas é de 23% enquanto ao do restante do país é de 5,3%. E 75,19% dos habitantes dessas aldeias têm problemas de abastecimento de água, esgoto ou coleta de lixo.

"Já a taxa de mortalidade materna entre as indígenas era de 115 mortes a cada 100 mil bebês nascidos vivos em 2022, bem acima da taxa brasileira de 67 por 100 mil nascidos vivos"

E a taxa de mortalidade infantil era de 34,7 mortes a cada mil crianças de até quatro anos, enquanto no Brasil essa taxa é de 14,2 mortes.

É preciso bem mais que encher os índios e quilombolas com títulos de terra, é preciso dar condições deles viverem nelas e ensiná-los a usá-las.

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