O bom e o ruim da COP 30
Qualquer balanço da COP 30, encerrada em Belém no último sábado (23), deve ser feito sob dois olhares: o primeiro é do evento em si, da junção de gente de todas as partes do mundo nas zonas Azul, Verde e AgriZone, do conteúdo gerado, dos contatos e negócios feitos e da Belém lotada.
E apesar das inconveniências, como os preços absurdos de hospedagem e da alimentação dentro das zonas da COP, do incêndio e dos contratempos estruturais, de um modo geral a COP 30 foi bem.
As equipes da ONU, organizadores brasileiros e paraenses se esforçaram para oferecer um bom evento, com conforto e facilidades aos visitantes, e creio que conseguiram.

O outro lado da COP30 é o político-institucional. A conferência foi bem usada politicamente pelo atual governo, em campanha pela reeleição, e pelo governador do Pará, Jader Barbalho, cotado a vice de Lula. O investimento federal de R$ 1 bilhão serviu para sediar as discussões das questões climáticas, mas também para pagar o fetiche estadista do atual chefe da República.
Mas como negociar com árabes, europeus e chineses é bem mais complicado de que barganhas apoio com parlamentares, governadores, empresas e sindicatos, Lula não teve sucesso no sonho de fazer desse encontro do Brasil a COP da virada, a COP do Mapa do Caminho, a COP em que de fato começaria o financiamento aos países pobres da transição energética.
A metas de redução do consumo de petróleo, gás e carvão, os chamados combustíveis fósseis, até entraram na pauta, mas sequer foram citadas na carta final.

Faltou também avançar naquela métrica mágica do 1.5ºC, traçando um caminho para limitar o aquecimento. Faltou também na carta menções ao mercado de carbono, que estimularia os países pobres e setores produtivos a reduzir as suas emissões.
"Mas a COP 30 também teve pequenos progressos, como por exemplo, foi a primeira vez que ficaram estabelecidos os parâmetros da Meta Global de Adaptação, que vai medir o tamanho do preparo dos países diante de eventos extremos, como enchentes, tempestades e secas longa"
Também se progrediu na consolidação do Fundo de Florestas Tropicais (TFFF), que com a participação da Alemanha Noruega, França, Indonésia e Brasil se levantou o equivalente a US$ 6 bilhões durante a COP 30.
Da COP 30 fica uma má notícia: a boa é que as mudanças climáticas e suas soluções são discutidas uma vez por ano por 200 países. A má é que fica a impressão de que as evoluções são lentas e as resoluções não saem do mesmo lugar.
_________________
A coluna diária de Alex Soares é reproduzida também em áudio para os programas Primeira Hora e Redação Acústica (Rádio Acústica FM), Bom Dia Cidade e Boa Tarde Cidade (Rádio Tchê São Gabriel) e Jornal da Manhã (Tchê Alegrete). Ouça abaixo
