O país do futebol, do samba, da Amazônia, do agronegócio e dos presidentes presos. Da redemocratização, em meados dos anos 1980, para cá, a metade daqueles que chefiaram o Palácio do Planalto já viram o sol nascer quadrado. Claro que não foram para cadeias comuns, mas tiveram suas liberdades canceladas, passando tempos diferentes em celas especiais.  

Dos quatro presos, três foram por corrupção: Fernando Collor, Lula e Michel Temer. Jair Bolsonaro, que agora engrossa a turma, está indo para o xilindró por tentativa de golpe de Estado.

Assim como aconteceu quando Lula foi encarcerado em Curitiba, há muita comemoração pela prisão de Bolsonaro, trancafiado desde sábado numa cela na Polícia Federal, em Brasília. Na rivalidade, gol levado pelo adversário é a pura felicidade.

E como aconteceu com Lula, quem garante que todo esse processo do 8 de janeiro não será anulado ali adiante? E aí entra a descrença num sistema judiciário que age conforme os ventos políticos e o humor da opinião pública.

Essa mesma justiça, que condenou Lula embalada pela bem avaliada e implacável Operação Lava, em 2019, humilha agora Bolsonaro para o delírio de uma esquerda que se acha vingada.

"E enquanto a pauta política-policial protagoniza as atenções, a economia brasileira é puxada para baixo por uma dívida pública crescente, um caixa do tesouro que não sai do vermelho, um PIB estacionado e uma taxa inédita de informalidade laboral"

O peso da corrupção ou de uma conspiração fracassada são avaliados de acordo com a percepção e o caráter de cada um. Lula, Bolsonaro e todos os obcecados pelo poder sabem que a ascensão é carregada de riscos e são muitos os efeitos colaterais, inclusive o da prisão.  

O que não pode é um país ficar eternamente refém de uma classe política que erra mais do que acerta, de uma justiça pendular e do fanatismo ideológico que ofusca as atenções sobre aquilo que realmente interessa ao Brasil e os brasileiros.   

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