Balanço de cobertura: o delicado momento da produção uruguaia

Balanço de cobertura: o delicado momento da produção uruguaia

Por Alex Soares

O Conexão Rural esteve em Montevideo, na última semana, acompanhando a ExpoPrado 2018. Durante quatro dias, registramos importantes reuniões, como a dos representantes das federações rurais do Mercosul, ocorrida na sexta-feira (14), e conversamos com lideranças uruguaias e brasileiras do setor, como os presidentes da Associação Rural do Uruguay, Pablo Zerbino e da Farsul, Gedeão Pereira.

Na solenidade de encerramento da feira, no sábado (15), Zerbino utilizou 30 minutos para justificar a necessidade urgente de medidas para recuperar nichos de produção que ingressaram numa espiral de crise e dela não saem. No seu lúcido e aplaudido discurso, Zerbino também fez uma prestação de contas dos seus dois anos de gestão na tradicional ARU, de 130 anos de história. 

Nos vídeos abaixo você pode conferir também uma entrevista com Alejandro Carvalho, homem que comanda a ExpoPradro há uma dezena e meia de anos. Na conversa, fomos além da feira e falamos também do cenário do agronegócio uruguaio, da relação do setor com o governo esquerdista de Tabaré Vásquez e dos efeitos colaterais dos protestos protagonizados pelos chamados auto-convocados, no início desta ano.

Dos cinco dias de Uruguay, trouxemos certezas, mas também dúvidas, geradas pela falta de expectativa sobre o futuro da atividade primária do país vizinho, sobretudo na agricultura. O ciclo 2018-2019 já começa mal, sendo essa a menor área plantada do Uruguay em 25 anos. Além do alto custo dos insumos das lavouras de arroz e soja, potencializado por uma cotação desajustadamente alta da moeda local frente ao dólar, os produtores ainda sentem os efeitos da longa e fatal estiagem da safra passada, que descapitalizou ou endividou boa parte deles. Somente na soja, as lavouras reduziram em USD 922 milhões os seus ganhos em relação a 2017-2018. 

Na pecuária leiteira, preços baixos e congelados há quase uma década dão o tom de uma atividade abandonada por muitos produtores, e cujas indústrias já tiveram também recentes baixas de unidades. Para ajudar, os sindicatos, fortalecidos pelo grupo esquerdista que comanda o país infernizam a rotina de indústrias, como a própria Cronapole, paralisando operações internas e atrasando todo o processo de captação, entrega e processamento do leite. 

A exceção à regra é a sempre forte pecuária de corte oriental, que com um plantel de 12 milhões de cabeças de raças nobres, ocupa 3/4 das terras rurais e mantêm fieis mercados externos. Entretanto, o curto circuíto da Lira turca também atingiu a valorização do gado castelhano. Em 2017, 90% dos terneiros exportados do Uruguay foram para a Turquia, o que, como aqui no Rio Grande do Sul, balizou os preços para cima.   

Pressão tributária

A produção de alimentos uruguaia clama por menor tributação, sobretudo a da terra, que passou a representar 60% da carga de impostos paga pelos produtores rurais. Uma mudança na política cambial, com uma revisão da valorização do peso perante ao dólar americano é outro desejo dos ruralistas uruguaios, que precisam ser mais competitivos com relação aos seus pares brasileiros e argentinos, que vendem com um dólar bem mais valorizado sobre suas moedas. 

Se você quiser saber  mais da realidade do agro uruguaio, dos avanços das negociações das simetrias do Mercosul, da ExpoPrado e de outros assuntos, assista as entrevistas abaixo, feitas pelo Conexão Rural em Montevideo.