Acordo UE-Mercosul trancado e sem garantias de aprovação
Quando parecia tudo certo para a aprovação do acordo União Europeia-Mercosul, o Conselho da UE, formado pelos chefes de estado dos seus países membros, decidiu empurrar para janeiro a batida do martelo, mas isso é incerto.
Nesta quinta-feira (18) mais de 10 mil produtores rurais europeus protestaram violentamente em frente ao Parlamento da UE, em Bruxelas, contra a assinatura do acordo, que para eles os deixaria em desvantagem em relação à produção de alimentos da américa do Sul.
Essa zona livre de comércio, que vem sendo costurada já faz um quarto de século, ganhou mais importância em 2025, com a política protecionista de Donald Trump, que também taxou a importação de produtos europeus.

Para o bloco europeu, a zona de livre comércio diminuiria a sua dependência dos americanos, abrindo novos mercados para carros, produtos farmacêuticos e indústria em geral. Está se falando de duas macrorregiões que juntas, somam mais 700 milhões de consumidores, como vem destacando uma das maiores entusiastas da parceria, a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, que tem o apoio de importantes membros, como Alemanha e Espanha. Na linha oposta estão França, Hungria e Polônia, e agora também a Itália.
"Para Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai a consolidação do livre comércio, que reduziria ou zeraria as tarifas alfandegárias, significaria um maior fluxo de vendas de proteína animal, soja, arroz, açúcar e mel"
No caso do Rio Grande do Sul há um razoável volume exportado à e tabaco é responsável por um terço dos embarques.
O adiamento da conclusão do acordo, ontem, esvaziou o encontro da cúpula do Mercosul, que tem o Brasil na presidência, e acontece neste sábado em Foz do Iguaçu. E aqui também entra o componente político, já que o Mercosul precisa de um novo fato para se chacoalhar e se renovar.

Para ser aprovado, porém, não basta apenas os membros do conselho europeu votarem favoravelmente. O texto, que ganhou essa semana um parágrafo específico para salvaguardar a produção europeia toda vez que o índice de importação acumular altas, ainda precisa passar pelo Parlamento da UE, onde a racionalidade deverá dar lugar ao protecionismo e ao populismo.
Isso não quer dizer que não será aprovado, mas a grande verdade é que até aqui, o acordo UE-Mercosul está no mesmo lugar de 25 anos atrás.
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A coluna diária de Alex Soares é reproduzida também em áudio para os programas Primeira Hora e Redação Acústica (Rádio Acústica FM), Bom Dia Cidade e Boa Tarde Cidade (Rádio Tchê São Gabriel) e Jornal da Manhã (Tchê Alegrete). Ouça abaixo
