Numa república íntegra nem Moraes nem Toffoli se criariam

Numa república íntegra nem Moraes nem Toffoli se criariam

Entre os colegas do ministro Alexandre Moraes a opinião é que o STF está ‘apanhando de graça’ e que o assunto só tomou as proporções que tomou por causa do desgaste do magistrado. Segundo ainda a apuração da Agência Estado, os ministros estão vendo tudo isso como ‘tempestade em copo d’água’.

A reação desses senhores que comandam a Justiça do País escancara o quanto a embriaguez do poder os deixou distante da realidade. A impressão é que eles perderam a noção do que é certo e do que é errado, do que é lícito, do que é ético, do que é ridículo ou não.

Se até aqui os arroubos monarquistas é que polemizavam as atitudes de Alexandre de Moraes, agora os motivos mudaram de classe. Intervir em favor de qualquer interesse pessoal já faz de um juiz não ser merecedor da toga. Intrometer-se numa decisão que faria a banca da esposa embolsar impressionantes R$ 129 milhões é caso de perda de mandato e de demais direitos. Numa república íntegra, perderia a liberdade.

Moraes pressionou o presidente do Banco Central a autorizar a venda de um banco quebrado, o Master, a outro banco, o BRB, evitado a sua liquidação. Não conseguiu porque Gabriel Galípolo seguiu a orientação técnica da instituição.

Agora, a preocupação é com que possa decidir o ministro Dias Toffoli, que chamou a reponsabilidade para si, atropelando ritos e marcando uma acareação bizarra entre um banqueiro quebrado e um técnico antigo do BC. O temor é que Toffoli possa anular a liquidação do Master.

Toffoli nem era para chegar perto desse processo. Em 29 de novembro foi presentado pelo advogado do Master, Augusto Botelho com uma poltrona ao seu lado num jatinho que foi ao Peru. Aos dois assistiram juntos a final da Taça Libertadores.

"O seu colega Moraes, aliás, não é o primeiro a advogar em favor da esposa advogada. Em dezembro de 2023, Toffoli suspendeu uma multa de 10,3 bilhões em favor do grupo J&F, causa defendida por Roberta Rangel"

No senado já existe um movimento para dar início a um processo de cassação do mandato de Moraes por “advocacia administrativa”. Na petição, ingressada no Senado, três membros da Casa questionam “a atuação extrajudicial, alheia à função jurisdicional de Moares, em benefício de interesse privado específico”.  

Trata-se de mais um pedido para tirar Moraes do cargo. A diferença agora é que o ministro não pode alegar que a motivação seja apenas política. Moraes pisou feio na bola e,  moralmente, está bem desgastado.  

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A coluna diária de Alex Soares é reproduzida também em áudio para os programas Primeira Hora e Redação Acústica (Rádio Acústica FM), Bom Dia Cidade e Boa Tarde Cidade (Rádio Tchê São Gabriel) e Jornal da Manhã (Tchê Alegrete). Ouça abaixo