Articulação inteligente: pulga plantada na orelha do ministro pode trazer bons resultados

Articulação inteligente: pulga plantada na orelha do ministro pode trazer bons resultados

Como uma vida dedicada ao setor, o ministro da Agricultura, Blairo Maggi sabe que o Mercosul nunca se mostrou um grande negócio para a produção primária nacional. Mas nunca é demais lhe abastecer com dados e números atualizados. Foi isso que fizeram nesta quinta-feira (9), líderes gaúchos que sentem na pele algumas das distorções. Das mãos do vice-presidente da Farsul, Gedeão Pereira, Maggi recebeu o recente estudo da assessoria econômica da Federação, que comprova as razões da diferença dos preços finais dos produtos comercializados por Brasil, Argentina e Uruguai. Mesmo sob um ambiente leve, de reencontro de gente que se admira, todos ali tinha consciência da gravidade da pauta.

“Nós consideramos que o setor orizícola não é o único influenciado por esses entraves, mas toda a agricultura brasileira, que fica mais cara diante da concorrência. São as ineficiências do Brasil”, disse Gedeão Pereira.

A reunião com o ministro foi estratégica e aconteceu no mesmo dia em que a Federarroz protocou no Ministério do Comércio Exterior, Indústria e Serviços, pedido de salvaguarda do arroz nacional, diante das volumosas e crescentes compras brasileiras do produto dos vizinhos. O documento foi entregue em mãos no MDIC pelo presidente da Federrroz Henrique Dornelles, participante da audiência com o ministro, assim como o diretor comercial do Irga, Tiago Barata, o representante do Irga em Brasília, José Carlos Pires, a senadora Ana Amélia Lemos e os deputados Luiz Carlos Heinze e Covatti Filho (PP), além de Alceu Mireira (PMDB).

A mira do movimento, entretanto, não está apontada para venda. Até porque seria muito difícil lutar pela imposição de dificuldades aos vizinhos, que mais do que concorrentes, são compartilhadores de um bloco comercial consolidado. Questionável, mas consolidado. O que o grupo quer é que se encontre um mecanismo legal para que os agricultores do lado de cá da fronteira consigam também comprar insumos com a mesmas condições.  

"Não queremos a criação de barreiras para a entrada dos produtos dos países vizinhos, mas sim que seja permitido ao produtor brasileiro comprar a preços internacionais, os mesmos aplicados aos concorrentes", pondera Antônio da Luz, economista responsável pelo relatório da Farsul, que também esteve em Brasília esta semana.

Ministro vai distribuir estudo

Solidário ao grupo, Maggi se comprometeu em direcionar os dados para demais órgãos responsáveis por esse tipo de demanda no governo. Porém, não sinalizou com a possibilidade de alguma medida vir a ser tomada. Mas a articulação Farsul-Federarroz-IRGA foi perfeita em sua execução e a pulga foi colocada atrás da orelha do ministro. Agora, não se pode afrouxar a rédea. Se algo positivo tiver que ser tomado em favor dos produtores brasileiros, a hora política é agora.

Por Alex Soares