Opinião: menor público deste ano na Expodireto é desproporcional às perdas e ao medo

Opinião: menor público deste ano na Expodireto é desproporcional às perdas e ao medo

 A Expodireto Cotrijal chega ao seu quarto e penúltimo dia. Não temos ainda os números desta quinta-feira (5), mas em se falando de público, os três primeiros dias foram de movimento menor do que o registrado no ano passado. 

Motivos: seca e corona virús. Sobre a estiagem, com os inevitáveis prejuízos, alteram-se os ânimos e se investe menos. Essa é a lógica. E estamos falando aqui de perdas expressivas em algumas regiões, de produção e de produtividade, de milho e sobretudo da soja, principal grão gaúcho e nacional. 
 

E não tem como não associar também o menor movimento ao Covid-19. Mesmo sendo a feira realizada ao ar livre, com muito espaço, ou seja, com um risco de contágio muito baixo, muitos temem a contaminação pelo pânico inicialmente causado. 

E vejam bem: mesmo com esses fatores, o movimento, por exemplo, de ontem, quarta-feira, foi 10% abaixo do mesmo dia de 2019. Isso comprova a tradição, a consolidação da Expodireto. Denota que mesmo com as dificuldades, a maioria não deixa de vir a Não-Me-Toque, para conhecer as novidades, rever fornecedores, costurar ou fechar negócios.  

Sobre as perdas, expectativa de que o governo federal venha a injetar recursos para dimunir o impacto dos juros a serem aplicados nas parcelas de custeio, principalmente para agricultura familiar. É a novela de sempre, quando vem a chuva ou a seca. Reuniões, idas à Brasília, políticos se apadrinhando antecipadamente dos milagres, que geralmente tardam ou não acontecem. 

Mas é preciso mais. Na esteira desta safra frustrada, é hora de elaborar um planejamento abrangente de seguro de renda e de fomento à irrigação, que de fato contemple a todos e que seja acessível. E que envolva os setores público e privado, além dos produtores. 

Não é possível termos toda essa tecnologia de plantio, de manejo, de aplicação, de colheita e mesmo assim perdermos para o tempo. 
 

A máxima de que a agricultura é a indústria a céu aberto deve ser abolida dos discursos, pois além de ser carregada de um certo vitimismo, já denota atraso. 
Depois da mecanização e do plantio direto, da transgênia, da evolução dos agroquímicos, a agricultura brasileira precisa agora dar um novo e consistente passo. 

Alex Soares/Não-Me-Toque 

Foto: Imprensa-Cotrijal