2017 não foi um bom ano para quem produz

2017 não foi um bom ano para quem produz

Ciclo que fecha, ciclo que abre. Segunda-feira já estaremos em 2018. E o que fica deste ano que finda para o nosso agro?   Não é um ano que deixará saudade, sobretudo para quem produz grãos. Comecemos pela soja, principal produto agrícola do país e do estado. Se produziu mais, com maior produtividade. Se  exportou mais também, mas a produção recorde americana e o câmbio ancoraram os negócios todo o tempo por aqui na casa dos R$ 55,00, R$ 62,00. Bem abaixo dos R$ 80,00, que muitos produtores aliás, deixaram de negociar em 2016, acreditando que a saca chegaria a R$ 100,00.  

Falando em soja, o cultivo em terras baixas está pedindo passagem e quando o manejo se profissionalizar de forma mais ampla – e isso não está longe – haverá um novo redesenho agrícola no Estado. Anotem.

Arrozeiros mais uma vez tiveram um ano amargo. A saca fecha a humilhantes R$ 36,00, contra R$ 50,00 do dezembro passado. Aumento de custos, safra doméstica abundante e compra desenfreada do produto dos concorrentes vizinhos pela bem sucedida indústria nacional formam a tríade perfeita do caos. Lideranças e entidades se mexeram e se mexem para que os mesmos dilemas não se repitam em 2018. Luta difícil.  Enquanto houver esse ciclo vicioso na matriz produtiva, em que só um lado cresce, a cadeia orízicola sempre será frágil. Mesmo assim, algumas medidas, como o endurecimento da fiscalização fitossanitária para o arroz que vem de fora, podem ajudar a valorizar mais nosso arroz.

Milho a nanicos R$ 23,00 e trigo com safra frustrada e remuneração idem, fecham o quadro mal logrado dos grãos em 2017.

Com o pais ainda sentindo a recessão, crise dos frigoríficos, escândalos, carne fraca, a pecuária patinou e o ano fecha com a cotação do kg do boi gordo ainda na casa dos R$ 4,00.  A notícia boa boa: parece que enfim  a vacinação anti aftosa cairá aqui no estado, que saiu na frente no plano de erradicação do governo federal.  A terceirização do serviço de inspeção no Estado, implantada pela Secretaria da Agricultura do Estado, é um avanço e oferecerá agilidade.

Por outro lado, em que estágio se encontra a instalação das delegacias contra os crimes rurais? O governo do estado anunciou isso no final de agosto, na Expointer. Até agora, nenhuma das cinco cidades anunciadas para receber as delegacias teve qualquer equipamento instalado ou gente designada. Verdade que a força-tarefa tirou criminosos de circulação, mas animais continuam sendo abatidos e propriedades saqueadas – muitas vezes com violência. 

E o leite, o que dizer do leite? Aqui no estado, o ano dos produtores termina com a indústria os aconselhando a diminuir a produção para manter preços, depois de uma vida toda ouvindo o contrário. O leite é mais um exemplo de que a produção primária brasileira é moeda de troca pouco valorizada pelos nossos governos na hora de negociar com os vizinhos do Conesul. 

Foi também o ano do Funrural e suas confusões. A começar pelo apoio da CNA à manutenção da cobrança do tributo pela Suprema Corte, nunca bem absorvido pelas federações e por  seus filiados. Discute daqui, propostas dali, o ano fecha com o projeto da renegociação do passivo de R$ 16 bilhões sendo aprovado. Perdão, nem pensar.

Para encerrar, o Conexão Rural se orgulha muito de ter ajudado a contar e estar presente em mais esse capítulo. Foram muitas entrevistas, eventos que cobrimos, muitos assuntos que pautamos. Em 2018, se Deus quiser, iremos na mesma toada, trazendo em imagens, letras e som a realidade da produção, valorizando quem trabalha, questionando e enaltecendo quem os lidera. Adversidades não faltam à produção. Estarmos juntos é a primeira estratégia a ser adotada para enfrentá-las. 

Obrigado a todos e que cada um dê sua parte para termos  um ano melhor!

Por Alex Soares

Um balanço de 2017 da produção