Produtores rurais protestam no Uruguai

Produtores rurais protestam no Uruguai

Produtores rurais, comerciantes e trabalhadores estão se manifestando desde esta segunda-feira, no Uruguai, exigindo um menor custo estatal nas suas atividades. Em Río Negro houveram três manifestações simultaneamente.  Em Young, centenas de pessoas, incluindo comerciantes e trabalhadores em geral, exigiram que o custo do Estado seja eeduzido. 

Produtores colocaram fardos no meio da estrada e nos ombros, assim como tratores, colheitadeiras e caminhões. O trânsito intenso da rota 3, que circula a costa norte com a rota 1 e também com a Argentina, através da ponte de Artigas de Paysandú, ficou lento.

Dadas as críticas de alguns setores que argumentam que os produtores foram capitalizados e obtiveram margens significativas de lucro por mais de uma década, Miller respondeu que os empresários do setor "não mantêm o dinheiro em seus bolsos, tentamos investir em tecnologias, para não ser deixado para trás, para o país avançar ", disse o produtor Juan Müller.

Ele acrescentou: "Há anos que fazer uma colheita demora um mês e meio. O mundo e a tecnologia avançavam e um estava naquela direção, mas não mantivemos o dinheiro no nosso bolso, nós o investimos", explicou.

Houveram manifestaçõs em todo o país oriental, como Florida, Paysandú, Salto, Durazno e Artigas, onde acessos da Ponte Internacional  foram fechados.

A soja está cotada hoje no Uruguai em US$ 500 (R$ 1.608,00) por tonelada, o leite em US$ 0,45 (R$ 1,45) a o kg do boi US$ 4 (R$ 12,87). O arroz não é citado na matéria do El país, editada aqui pelo CR, que apurou que a saca vale US $ 9,30 pela saca de 50 kg. Em reais, 30,02 na cotação desta terça-feira. 

A indústria láctea é o setor que mais produziu o ruído, pois fecharam 500 fazendas leiteiras nos últimos tempos. Os produtos lácteos são os que estão no tapete porque são os que utilizam mais insumos e energia. O Uruguai teve produção recorde de soja, mas com preços historicamente baixos. No trigo houve prejuízo.

O presidente Tabaré Vázquez decidiu convocar, na mesma segunda-feira, as câmaras de negócios agrícolas para abrir um canal de diálogo entre o setor rural e o governo. Seu objetivo era reduzir a tensão, gerada no início de 2018.

Ministro trocado e convocação do presidente 

O movimento, que começou pelas redes sociais – e teve sua primeira reunião no dia 8 último -, fixou a terça-feira (23) como uma espécie de assembleia, em Durazno, para definir os meios de protesto que se seguirão. No início do ano, representantes do setor tentaram uma reunião com o presidente, mas foram ignorados, o que acirrou os ânimos.

Na mesma tarde de ontem, Tabaré Aguerre se exonerou da titularidade do Ministério da Pecuária, com Enzo Benech assumindo. Depois disso é que o presidente chamou as associações agrícolas.

Participaram representantes da Associação Rural do Uruguai (ARU), das Cooperativas Agrárias Federadas (CAF), da Comissão Nacional de Desenvolvimento Rural, da Associação de Produtores de Arroz (ACA) e da Associação Nacional de Produtores de Leite. A Federação Rural, principal entidade uruguais, rejeitou o convite.

Na reunião, Vázquez deixou claro que ele não está disposto a mudar sua linha de política econômica. Com essa mensagem ele descartou tomar medidas para aumentar o preço do dólar; uma das reivindicações principais dos produtores.

Isso foi reafirmado em coletiva com aimprensa, depois da reunião. Acusado por ruralistas de “não fazer nada pela agricultura”, disse “ser uma mentira”.

Matéria original Jornal El País

Fotos: El País

Traduzida e editada por Alex Soares