Semana decisiva: enquanto arrozeiros se mobilizarão em ato, entidades pressionarão por anúncio

Predominou na edição deste sábado (27) do programa Conexão Rural a situação problemática em que estão mergulhados os produtores de arroz. A baixa remuneração do produto verificada na safra passada tende a se repetir em 2018.
Provocada pela combinação de uma série de fatores - sendo que o principal deles é o expressivo estoque atual do produto -, a crise pela qual passam os rizicultores gaúchos não tem data para terminar. E caso não haja nada de excepcional a ser executado a situação pode piorar.
Para não atravessar mais um ano com os valores da saca na linha do preço mínimo oficial, produtores e entidades estão se mobilizando. Esta semana, enquanto produtores ligados ao movimento Te Mexe Arrozeiro buscarão reunir um número significativo de produtores numa audiência geral no município de Restinga Seca, centro do Estado, Farsul e Federarroz estarão em Brasília negociando com o Ministério da Agricultura.
Representadas pelos seus respectivos presidentes, Gedeão Pereira e Henrique Dornelles, as entidades tentarão convencer o secretário de Política Agrícola do Mapa, Neri Geller, sobre a necessidade da compra imediata de ao menos 1 milhão de toneladas de arroz para exportação. “Temos pressa nisso e o governo é consciente disso”, falou o dirigente da Farsul, que possui grande expectativa de voltar de Brasília com o anúncio.
Sobre a assembeia de Restinga Seca, Gedeão foi taxativo, na entrevista que concedeu ao Conexão Rural deste sábado: “É de fundamental importância esse movimento do dia 31, que tem todo o apoio da Farsul”. Ele também justificou sua ausência em Restinga Seca por causa da agenda já acertada há algum tempo no DF. Gedeão, porém, fez uma ressalva em forma de sugestão: “Temos que ser objetivos”, disse ele se referindo a elaboração da pauta de solicitações na concentração de quarta-feira.
(Acompanhe abaixo desta matéria, áudio com trecho da entrevista de Gedeão Pereira)
“O governo precisa tirar o produtor da marginalidade”, diz organizador
Participante da organização do Movimento Te Mexe Arrozeiro, o produtor Pedro Paulo Barbosa fez uma convocação aos produtores para estarem na próxima quarta-feira em Restinga Seca. Para ele, entre as solicitações a ser entregue ao governo federal, deve constar a securitização das dívidas e a consequente recuperação do crédito dos arrozeiros.
“O produtor rural deve ser tratado como o empresário urbano”, comentou Pedro Paulo fazendo uma analogia aos sucessivos refis que beneficiaram empresas de outros setores. Ao aconselhar produtores para que não haja desmobilização diante de eventuais futuros anúncios, o produtor falou na necessidade imediata de "o arrozeiro deixar de ser marginalizado, longe dos créditos oficiais e refém da indústria". E para neutralizar isso, complementou, “cabe ao governo fazer algo”.
(Acompanhe abaixo desta matéria, áudio com trechos das participações de Pedro Peulo Barbosa, Jorge Jaeger e José carlos Gross)
Respaldo das associações e dos sindicatos rurais
Também presente no estúdio o diretor da Associação dos Arrozeiros de Camaquã José Carlos Gross disse que a postura da Federarroz é gêmea a da Farsul: “Falei com o presidente Henrique Dornelles ontem à noite (sexta-feira) e ele usou praticamente as mesmas palavras do presidente da Farsul, ao apoiar a mobilização de Restinga Seca”.
Já os presidentes dos Sindicatos Rurais de Camaquã e de São Gabriel reforçaram o coro. Tanto Jorge Jaeger quanto Tarso Teixeira disseram no programa que as entidades que eles lideram estão colocando suas estruturas à disposição dos produtores e do movimento. O objetivo é engrossar as caravanas para a concentração de quarta-feira.
O outro entrevistado do programa deste sábado foi o advogado Nestor Hein, que preside a Comissão de Assuntos Jurídicos da Farsul. Hein falou sobre o julgamento do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, pelo TRF 4, esta semana, e suas consequências.
Por Alex Soares/Conexão Rural