Os produtores têm a força que quiserem

Segunda-feira (29): na coletiva de imprensa da 28ª Abertura da Colheita do Arroz, o presidente da Federarroz conclamou os companheiros de lavoura para engrossarem as caravanas que desembarcarão em Cachoeirinha, em 21, 22 e 23 de fevereiro. “Assim como a safra, a Abertura da Colheita terá o tamanho que os produtores quiserem”, pontuou Henrique Dornelles.
Terça-feira (30): em audiência com o secretário de Política Agrícola do Mapa, Neri Geller, Dornelles e Gedeão Pereira, presidente da Farsul, ouvem o anúncio da compra com a ajuda pública de 1,2 milhão de toneladas de arroz, operação pleiteada desde novembro pela Farsul. A operação terá execução imediata e deverá reestabelecer o produto em patamares se não ideais, ao menos mais dignos.
Quarta-feira (31): 1.500 produtores assinam presença no encontro de Restinga Seca, promovido pelo movimento intitulado Te Mexe Arrozeiro. Após três horas de acaloradas manifestações de produtores e lideranças regionais, um documento foi elaborado.
O que virá no pós-safra são outros quinhentos, mas o que aconteceu nesta semana, cabe uma breve e objetiva reflexão. Primeira lição: quando base e representantes se apoiam, bandeiras ganham mais confiabilidade. O complemento gera legitimidade. E olha que não era para ser assim em Restinga Seca. Só foi porque uma equipe identificada com o bom senso se antecipou e alertou sobre os riscos que divisões representam.
Mas imaginem se essa sinergia entre entidades e associados fosse regra, quanta força ganharia essa e outras classes do agro? Pátria e governos precisam ser separados, assim como entidades e seus dirigentes. Quando se busca desgastar representantes não é apenas eles que perdem. É o conjunto que enfraquece.
Ao contrário do que muitos pregam, dirigentes e profissionais das entidades trabalham o ano todo por dias melhores. E muitas vezes de graça. E a base precisa se informar disso, valorizar isso. E dizer que as associações e federações não ouvem seus representados não procede. O que se vê sim é falta de quórum quando reuniões e assembleias são convocadas. Indiferença que também compromete o fechamento das contas das entidades, já que boa parte dos filiados “esquece” de repassar sua contribuição.
Representatividade
Em meio às caravanas de preocupados e indignados arrozeiros que estiveram em Restinga Seca esta semana, estavam lá os presidentes da Farsul e da Federarroz, que um dia antes se sentaram com um dos homens mais influentes do Ministério da Agricultura e dele conseguiram, após semanas de negociação, uma intervenção pública providencial para evitar o pior. Não foram somentes eles que estiveram em Brasília, mas alguns milhares de produtores que cultivam mais de 1 milhão de hectares de arroz no Ro Grande do Sul.
Em Restinga Seca, ouviram durante o tempo todo e ao final, longe do calor do palanque, os organizadores do movimento entregaram a eles a missão da interlocução dos pleitos. E é assim que funciona no mundo real.
Assim como as safras, a força dos produtores tem o tamanho que eles quiserem. E ela pode ser constante e inquebrantável, desde que ambos os lados se promovam e hajam com estratégia.
Por Alex Soares