COMBINAÇÃO PERFEITA DO ATRASO 

COMBINAÇÃO PERFEITA DO ATRASO 

Não se pode deixar cair nas estatísticas dos arquivos das bizarrices do ano essa decisão judicial de proibir o navio de Santos de zarpar com uma carga de gado em pé, há duas semanas. Não pode ser esquecido para não se repetir. A produção rural brasileira não merece patuscadas como essa.

Pegue um bando de sem noção, que não tem a mínima ideia de quem e o que estão atacando, e junte eles a duas ou três cabeças, cujas intenções passam ao largo das causas nobres. E coloque eles a agir num ambiente favorável, com uma Justiça que toma decisões monocráticas, sem se cercar de maiores informações, sem mensurar os seus reais efeitos. Pronto, você tem a receita perfeita do atraso.

É bom que se frise que ao contrário do que pregam pessoas sem maiores conhecimento de setores que são vitais para economia nacional, neste caso a pecuária, criadores não são algozes. Exportadores não são bandidos. E que se destaque: todos os procedimentos de quarentena, de embarque, de transporte tem o acompanhamento da fiscalização pública. Tudo é transparente. Tudo está dentro da lei. E bem estar animal é um tema familiar aos envolvidos da cadeia pecuária. E se alguns não cumprem suas normas, isso é exceção.

E quando se toma uma decisão destas, que acabou sendo derrubada em seguida pela instância superior da própria justiça federal, não se atinge um ou dois, se fere um setor inteiro. A pecuária nacional gerou em 2016 um PIB de R$ 504,8 bilhões.

No caso do gado vivo, a exportação está vem numa crescente. Em 2017 saíram 400 mil cabeças pelos portos do país, o dobro que foi no ano interior. E a estimativa é que em 2018 esses números sejam mais incrementados. No Rio Grande do Sul foram 85 mil cabeças vendidas para fora.

São milhões de brasileiros que geram os seus sustentos a partir da criação e do comércio de gado. E ai é que entra outra pertinente indagação: e o bem estar humano, onde fica? Já fazem dez mil anos que os sapiens criaram as primeiras ovelhas selvagens para se nutrir. Desde então muita coisa mudou, evoluiu - inclusive o conceito protetivo aos demais animais. Mas enfim, aqui estamos nós, como a espécie protagonista da terra. Ainda!

E ficam aqui duas singelas sugestões: a primeira é que se criem mais ONGs. Quem sabe algumas para cuidar também do bem estar humano neste país. É certo que vítimas para defender não irão faltar.

A segunda é que está mais do que na hora de o judiciário criar varas especializadas em agronegócio. É certo que o número de distorções como essa de Santos diminua.

Por Alex Soares 
Conexão Rural