Temer e seu time não têm força para negociar fim da greve

Até onde o governo vai pagar pra ver? Até onde esse governo suporta a pressão política e econômica de vários setores que começam a contar prejuízos com a paralisação nas estradas? As respostas dadas até aqui pelo Palácio do Planalto são tímidas.
A redução de cinco centavos no óleo diesel, com o anulação da Cide, e a redução de 23 centavos por litro durante quinze dias estão longe ainda de satisfazer os caminhoneiros, que sentem diariamente o peso dessa questionável política de preços da Petrobras, que reajusta os combustíveis a partir da combinação preços internacionais do petróleo e da cotação do dólar.
É grande também a adesão a esses piquetes dos produtores rurais, vítimas diretas do desproporcional custo que representa o valor do combustível na lavoura. Uma rápida comparação nos históricos das cotações dos produtos agrícolas e dos combustíveis de cinco, de dez anos atrás e agora, se verá o quanto os ganhos minguaram.
Isso também vale para as tabelas dos fretes. E isso vale para a cobrança de quem trabalha com serviço, para os salários dos brasileiros. Eis a simpatia da maioria pelos protestos. Manter esse apoio é o desafio dos que se manifestam às margens das rodovias. Para isso, combater exageros é fundamental.
Por seu lado, o governo está com as mãos amarradas. A margem de imposição política sobre a área técnica já é complicada. Feita por por um governo frágil como é o de Temer essa margem fica menor ainda. Mesmo que queira abrandar o desgaste que uma paralisação como esta causa, o atual presidente não consegue ir além.
Conseguir zerar a Cide do diesel, que arrecadou em 2017 quase 6 bilhões – incluindo ai a incidência sobre os demais combustíveis -, já foi uma vitória. Ir além disso será um expressivo triunfo para um governo, que mesmo em meio a esse caos, lança um nome à sucessão presidencial. Uma pena, pois Henrique Meirelles parece ser um bom sujeito até.
(Foto: Valesca Luz)